Relato do Meu Projeto PIBIC: Reflexões Sobre Pessoa, Vida, Morte e Desigualdade na Escola. #
Durante o desenvolvimento do meu projeto PIBIC (Plano de Trabalho 2), vivi uma experiência de pesquisa intensa e transformadora. A partir da observação etnográfica em uma escola de ensino médio voltada para camadas médias da Região Metropolitana do Recife (RMR), procurei compreender como os estudantes constroem suas noções de pessoa, vida, morte, poder e desigualdade.
Adotei o método etnográfico, combinando a aplicação de questionários com observações participantes — o que me permitiu não apenas coletar dados, mas também vivenciar o cotidiano escolar e perceber nuances que dificilmente apareceriam em números ou respostas diretas.
Ao longo da pesquisa, percebi algo curioso: existe um desvio na reprodução cultural entre as gerações. Em termos religiosos, por exemplo, os jovens demonstraram menor adesão e identificação com práticas religiosas quando comparados a seus pais. No campo político, notei que a maioria se identifica com posições de esquerda e mantém um interesse constante — ainda que moderado — por temas ligados à política.
A parte talvez mais complexa surgiu nas questões morais e éticas. As opiniões dos estudantes mostraram uma clara ambiguidade: em alguns casos, havia uma defesa firme da vida; em outros, um favorecimento à morte, dependendo do contexto apresentado. Essa oscilação me fez refletir sobre como as concepções de valor, justiça e humanidade são moldadas e negociadas no ambiente escolar.
Concluo que o estudo oferece contribuições importantes sobre o universo simbólico e social dos jovens da RMR. Mais do que um retrato de um grupo, ele se torna uma janela para compreender como as novas gerações pensam e se posicionam frente a temas fundamentais da vida em sociedade. Acredito que os resultados podem dialogar com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 10 (ODS 10), que trata da redução das desigualdades, ajudando a repensar como a educação pode ser um espaço de reflexão crítica e de construção de cidadania.
Essa jornada me ensinou que pesquisar é também se deixar afetar: pelos olhares, pelas falas e pelos silêncios. E foi nesse diálogo entre campo e reflexão que pude, de fato, compreender um pouco mais sobre o que significa ser pessoa em meio às contradições do nosso tempo.
Você pode acessar o relatório completo por aqui: https://drive.google.com/file/d/10oWGvcQY_Pvab1ScMrhYa6_fbyB_awLY/view?usp=sharing
